Um relatório desenvolvido pelo Department for Digital, Culture, Media and Sport (DCMS) apontou diversas características supostamente abusivas aplicadas por gravadores e serviços de streaming contra diversos artistas, principalmente de pequeno porte. Dessa forma, o parlamento britânico deve iniciar uma intervenção, visando equilibrar essas relações antes que elas saiam do controle.
Segundo o material, a divisão de renda entre os desenvolvedores, produtores e distribuidores de músicas é extremamente desigual. Em média, 30% a 34% pertence à plataforma em que a música está disponibilizada, 55% retorna para as gravadoras e entre 15% e 11% são divididos entre o artista, os compositores e a distribuidora.
O parlamento britânico considera que essa desvalorização pode tornar esse mercado insustentável no futuro, e citam nominalmente marcas como a Sony, Universal e Warner como beneficiários desse sistema.
O que chegou ao parlamento britânico?
O relatório da DCMS é bastante explícito quanto à indignação da classe artística, e reforça o desejo por fatias maiores dos montantes financeiros. Segundo o texto, “(…) os retornos lamentáveis do streaming de música impactam todo o ecossistema criativo. Artistas profissionais bem-sucedidos e aclamados pela crítica estão obtendo resultados escassos do modo dominante de consumo da música. Artistas de menor destaque são completamente congelados, impactando o que deveria ser uma carreira viável por si só, bem com um canal crítico para novos talentos”.
Em defesa de sua companhia, o economista-chefe do Spotify, Will Page, apresentou dados visando refutar as afirmações acima e transferir parte das responsabilidades às produtoras. Segundo ele, entre 2015 e 2019 o serviço de streaming salvou o mercado britânico, visto que “(…) o negócio da música gravada não apenas ficou maior, como também ficou mais lucrativo para as gravadoras. Artistas, no entanto, não se beneficiaram proporcionalmente”.
Esse ponto de vista é compartilhado por diversos analistas de mercado, uma vez que o download de materiais pirateados no Reino Unido diminuiu muito desde a chegada desse modelo. No entanto, essa insatisfação generalizada faz com que um consenso precise ser discuto.
Imagem em destaque: Divulgação/ UK parliament via Instagram.